A importância da comunicação não violenta nas organizações

Equipe Singuê • 7 de dezembro de 2022

A comunicação não violenta é uma metodologia criada na década de 1960 que possui como objetivo principal desenvolver uma linguagem baseada na empatia e compaixão. 

Atualmente é adotada em vários segmentos no mundo inteiro e é utilizada por grandes empresas, como a Microsoft e o Google . Além disso, essa metodologia contribui para fortalecer ambientes diversos e inclusivos. 

Conheça o conceito e as origens da comunicação não violenta e confira as dicas de como aplicá-la no ambiente de trabalho. 

O que é comunicação não violenta? 

A comunicação não violenta (CNV) é uma abordagem de comunicação que busca transformar as relações interpessoais através de uma linguagem que exerça a empatia e a compaixão

É utilizada em diferentes contextos, como na área da saúde, dentro da sala de aula ou mesmo entre liderança e equipe colaboradora. Seu objetivo é que, durante o diálogo, todas as pessoas envolvidas possam expressar seus sentimentos, suas necessidades e seus desejos de uma maneira eficaz. 

A utilização desse método dentro das empresas melhora a comunicação interna e promove uma cultura organizacional em que os valores compartilhados são fortalecidos. Assim, cria-se uma coesão entre o grupo sem ignorar as individualidades. 

Essa linguagem está focada na resolução de conflitos e é baseada na comunicação verbal e não verbal (gestos, expressões corporais, comportamentos). 

A intenção é que durante a interlocução entre as pessoas, elas cheguem a um consenso positivo e que ele esteja alinhado com ambas. Dessa forma, haverá um equilíbrio nas relações.

As dificuldades de comunicação em ambientes diversos prejudicam os relacionamentos e as estratégias desenhadas pelas lideranças. A CNV contribui para a autoanálise do comportamento e das atitudes, abandonando o controle e a opressão e dando espaço ao respeito, empatia e a indulgência. 

Veja quais as origens dessa metodologia e como ela está relacionada com a diversidade e a inclusão. 

As origens da comunicação não violenta

O conceito da comunicação não violenta foi desenvolvido na década de 1960 pelo psicólogo Marshall Rosenberg . Ele nasceu em uma época de grande tensão racial nos Estados Unidos. Aos 9 anos, presenciou a explosão da violência contra pessoas negras migrantes do sul do país, no episódio conhecido como distúrbio racial de Detroit de 1943’ ,  onde 40 pessoas faleceram.

O psicólogo iniciou suas pesquisas almejando compreender quais os fatores dificultavam uma relação empática entre as pessoas. Suas observações o levaram a perceber como a linguagem e o uso das palavras possuem uma função importante nesse processo. 

Rosenberg foi bastante influenciado pelas ideias de Mahatma Gandhi sobre a natureza compassiva dos seres humanos e pelos conceitos da psicologia humanista de Carl Rogers

Assim, ele desenvolveu uma abordagem específica que possibilita o uso inteligente da capacidade humana de conexão, de ouvir e de se comunicar de maneira que o sentimento do emissor e do receptor são levados em consideração. 

Aplicou sua metodologia ao participar de projetos de integração racial em instituições que promoviam a igualdade e lutavam contra a discriminação e intolerância racial. 

Seu trabalho foi bastante significativo. Marshall Rosenberg foi convidado para atuar em acordos de paz em mais de 60 países entre África e Ásia, onde era responsável por realizar treinamentos sobre mediação de conflitos.

Já em 1999, ele publica o livro ‘Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais’ . A partir de então, várias empresas no mundo inteiro adotam o livro para aprimorar as estratégias de comunicação interna. 

Por isso, entenda a importância de praticar a comunicação não violenta nas organizações.

Qual a importância da comunicação não violenta para as empresas?

Uma boa comunicação dentro de uma instituição é uma das práticas responsáveis pelo sucesso das metas e ações. Ela auxilia na resolução de conflitos, no engajamento e previne impactos negativos na saúde mental dos funcionários.

A linguagem humanizada pela comunicação não violenta cria um ambiente de trabalho mais inclusivo, pois a mensagem considerada não é apenas a da liderança, mas de todas as pessoas que colaboram para o sucesso dos objetivos estipulados. 

Segundo uma pesquisa do Indeed realizada com 840 pessoas, 52% acreditam que o papel da gestão deve incluir também a motivação dos funcionários, ajudando-os no seu desenvolvimento pessoal e profissional. 

Além disso, cerca de 38% espera que os gestores demonstrem interesse pelo bem-estar da equipe e que viabilizem um local diverso e inclusivo . Isso demonstra a importância da empatia nas relações dentro do mundo corporativo. 

Para praticar a CNV é importante que:

  • as pessoas não sejam comparadas, compreendendo que todas possuem habilidades diferentes, que são complementares, e garantindo uma equipe diversa;
  • ao elaborar as estratégias de médio e longo prazo, criar a oportunidade para que a própria equipe consiga manifestar em quais atividades podem contribuir de modo mais assertivo;
  • entender a importância de lideranças diversas e como elas promovem inspiração para grupos minorizados;
  • assegurar um ambiente onde os colaboradores possam expressar suas dificuldades, desconfortos ou até mesmos violências sofridas no trabalho;
  • ao expressar as suas necessidades evite utilizar um tom acusatório e coloque-se no lugar do outro. 

Pilares da comunicação não violenta

Para uma boa abordagem da comunicação não violenta é preciso reforçar quatro pilares. São eles: 

1. Observação

Durante a comunicação é preciso observar a essência do que está sendo dito e o que está acontecendo. É importante o questionamento se a mensagem agrega de maneira positiva, evitando julgamentos e se limitando a entender o que de fato está acontecendo.

2. Sentimento

Após observar a situação, compreenda qual sentimento ela desperta, seja culpa, raiva ou felicidade. Seja honesto consigo e permita ser vulnerável. Saiba diferenciar o que se sente e o que se pensa. 

3. Necessidades

Para a CNV é muito importante expressar as suas necessidades e acolher as dos outros. Isso garante um reconhecimento da importância de ambos e aumenta a probabilidade de que os desejos sejam atendidos. 

4. Pedido

Seja assertivo em suas solicitações, evitando uma linguagem muito subjetiva ou ambígua. Utilize frases positivas e de afirmações.

Dicas de como desenvolver a comunicação não violenta no trabalho

A comunicação não violenta nas empresas permite com que as necessidades da equipe colaboradora sejam atendidas, é o que afirma a pesquisa da Aberje. 89% das pessoas entrevistadas afirmam que a falta de empatia na comunicação no ambiente corporativo, causa estresse e ansiedade. 

Portanto, confira quatro dicas de como tornar a CNV parte da cultura da instituição. 

Escuta ativa

A escuta ativa é uma das mais importantes habilidades dentro do local de trabalho. A comunicação é ineficaz quando apenas uma pessoa exerce o papel de emissor. Sem o processo de aprender a ouvir as necessidades das outras pessoas é provável que aconteçam perdas significativas na produtividade. 

Espaços compartilhados

A disposição dos espaços no ambiente de trabalho pode gerar o sentimento de distanciamento entre a gestão e quadro de colaboradores. Organize locais onde todas as pessoas possam trocar ideias, conversar e que estejam confortáveis com a presença umas das outras. 

Treinamento

Invista em treinamento especializado em CNV para o mundo corporativo. Ele contribuirá na elaboração de um diagnóstico das falhas de comunicação e como expandir ações que viabilizem a colaboração entre a equipe. 

Respeito às particularidades

É muito importante respeitar a história individual de cada pessoa. Adote políticas de diversidade e inclusão considerando as particularidades históricas que atravessam parte da equipe.

Com as dicas apresentadas aqui a sua empresa poderá aplicar a comunicação não violenta e transformar a cultura corporativa interna. Também é importante se conscientizar para o tema do racismo estrutural e como promover um ambiente seguro para pessoas racializadas.

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